Lula: Defesa pede absolvição no processo do sítio de Atibaia
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
apresentou, nesta segunda-feira (7), as alegações finais no processo da
Operação Lava Jato que apura se ele recebeu propina por meio da reforma de um sítio em Atibaia (SP). Os advogados pedem a absolvição por "insuficiência de
provas" e "atipicidade das condutas" do processo.
Lula é acusado pelo Ministério Público Federal
(MPF) de:
● Reforma feita pela empreiteira OAS a pedido da
família Lula, com recursos de propina, no sítio Santa Bárbara, em Atibaia.
Segundo o MPF, o uso do local pela família do ex-presidente comprova que, de
fato, ele era o proprietário.
● Ter se beneficiado, por meio das obras no sítio,
com parte do pagamento de propina de pelo menos R$ 128 milhões pela Odebrecht e
de outros R$ 27 milhões por parte da OAS. Segundo a denúncia, as melhorias no
imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão.
● Ter ajudado empreiteiras ao manter nos cargos
ex-executivos da Petrobras que comandaram esquemas fraudulentos entre
empreiteiras e a estatal.
No documento, com 1,6 mil páginas e 24 anexos, os
advogados de Lula defendem que:
● O ex-presidente "não é e jamais foi"
proprietário do sítio.
● Não há como provar que Lula soubesse das
reformas.
● O ex-juiz Sérgio Moro não tinha "a
necessária imparcialidade" para julgar o caso e, portanto, o processo
deveria ser remetido a outra Vara de Justiça.
● Um "elo artificial" entre o sítio e as
licitações da Petrobras "foi propositalmente construído para que o
ex-presidente Lula ficasse sob a jurisdição do Juiz Federal Sérgio Fernando
Moro".
● Lula deve ser absolvido por falta de provas.
● Se o ex-presidente for condenado, que a Justiça
considere que os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro sejam considerados
prescritos, porque Lula tem mais de 70 anos – nessa idade, a prescrição ocorre
em prazo de dez anos.
● O processo deve ser anulado, já que Lula teria
sido vítima de um julgamento de exceção.
● Todos os atos feitos pela Lava Jato também devem
ser anulados.
Obras no sítio
e licitações da Petrobras
A acusação do MPF é de que Lula ajudou empreiteiras
ao manter nos cargos os ex-executivos da Petrobras Renato Duque, Paulo Roberto
Costa, Jorge Zelada, Nestor Cerveró e Pedro Barusco, que comandaram boa parte
dos esquemas fraudulentos entre empreiteiras e a estatal, descobertos pela Lava
Jato.
A defesa disse ainda que, caso o pedido pela
nulidade do procedimento ou absolvição de Lula sejam ignoradas, a Justiça deve
considerar a "prescrição da pretensão punitiva".
Os advogados sustentam que a acusação de corrupção
passiva atribuída a Lula é pela nomeação Renato Duque e Paulo Roberto Costa, o
que ocorreu em 2004 – já a denúncia foi recebida apenas em 2017. Para a defesa,
pelo fato de Lula ter mais de 70 anos, o crime deveria prescrever em dez anos.
A defesa afirmou ainda que, mesmo que "se
conclua que a saudosa esposa [Marisa Letícia] do defendente tinha conhecimento
e domínio das reformas realizadas no sítio, não há, reitere-se, qualquer
elemento que permita inferir que a sua suposta atuação se deu como intermediária
ou com a ciência do defendente".
As alegações apontam que, "por maior que seja
o laço afetivo entre eles, é inconcebível considerar, ainda mais para fins de
responsabilização penal, que o defendente e sua falecida consorte são uma só
pessoa."
Próximos passos
As alegações finais são
a última etapa do processo antes da sentença. O MPF apresentou
o documento em 11 de dezembro do ano passado. Os procuradores pediram que os réus
percam os bens ou valores obtidos através dos crimes, e a reparação dos danos
em favor da Petrobras no valor de R$ 155 milhões. O prazo para que as defesas de todos os
réus se manifestem termina nesta segunda-feira.
A denúncia
Conforme o MPF, o
ex-presidente recebeu propina do Grupo Schain, de José Carlos Bumlai, OAS e
Odebrecht por meio da reforma e decoração no sítio de Atibaia, que frequentava
com a família.
Outras 12 pessoas são rés neste
processo. Cinco deles são delatores da Odebrecht. Entre eles, está Emilio
Odebrecth, o ex-presidente do grupo, que disse novamente, em suas alegações
finais, ter autorizado as obras a pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia.
Além dos R$ 128 milhões pagos pela
Odebrecht e dos R$ 27 milhões por parte da OAS, Bumlai fez o repasse de propina
ao ex-presidente no valor de R$ 150 mil, ainda conforme o MPF. Ex-executivos da Odebrecht afirmaram que
o departamento de propina da empresa bancou parte das obras.
Fonte: globo.com
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