Política de A–Z: Direita Marabá e o imbróglio do assessor; aluna de Marabá frauda Sisu; Renan Calheiros no Senado, Rodrigo Maia na Câmara (pesadelo)

Escondido
Ao que tudo indica, o assessor parlamentar do vereador pastor Ronisteu Araújo (PTB), Anderson Damasceno Brito Miranda, passará um tempo longe dos holofotes enquanto coordenador do grupo Direita Marabá. Todavia, Damasceno ainda mantém forte atuação nos bastidores — seu emprego agora é impelir ofensas. Fala-se até em abertura de processo.
Denúncias

Acontece que, no último dia 18, esta coluna tornou público inconsistências do assistente administrativo da Câmara Municipal. Damasceno, que apresenta seu blog (“Olhar do Alto — A responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”) como o único conservador/neoliberal da região, recebe, em média, R$ 2 mil por mês para, na prática, fazer nada. A propósito: a verba já caiu na conta, assessor?

Serviço

“Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário”. Anderson atua na educação. Certo. Contudo, não me é aceitável a ideia de que o assessor tenha tempo à disposição para servir ao vereador. A não ser que considere “servir” publicar em seu blog os atos do legislador e/ou entrevistas com ele. A Palavra de 1 Timóteo 5:18, no contexto, aplica-se tão somente à atividade que Anderson exerce em sala de aula. Nada mais. Nada digno.

Fraude

Denúncia que chega a este colunista no fechamento do Política de A–Z desta semana informa que a aluna Jamine Alves de Souza, de Marabá, fraudou o Sistema de Seleção Unificado (Sisu) para garimpar uma vaga na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), na faculdade de Psicologia. Conseguiu, até então.

Cotas
Valendo-se das cotas para “Transexuais, travestis e transgêneros que tenham cursado todo o 2º Ciclo do Ensino Fundamental e o Ensino Médio exclusivamente em escola pública, que tenham renda bruta familiar mensal inferior ou igual a 04 (quatro) vezes o valor do salário mínimo nacional vigente no ato da matrícula e que não possuam título de graduação”, Jamine, com nota de corte de 615,65 (muito baixa), foi selecionada sem possuir nenhum dos requisitos declarados.
Monte Castelo
Aluna do Colégio Monte Castelo, muito conhecido na cidade, Jamine concluiu o ensino médio em 2017. Não passou na primeira vez. Pessoa amiga de Jamine nas redes sociais e com quem mantenho contato me assegurou que a mesma vivia de festa em festa, pelo que constava no Facebook, e, ao consultar a lista de aprovados da instituição, espantou-se. “Como é possível?”, indagou.
Falsidade ideológica
Jamine não é transexual, travesti ou transgênero, fato que já namorou com colega de sala e atualmente mantém relacionamento com um professor; não cursou todo o 2º ciclo do ensino fundamental e o ensino médio em escola pública (ela estudou no particular Monte Castelo); e não pode provar renda bruta familiar mensal inferior ou igual a quatro vezes o valor do salário mínimo.
Alô, Polícia Federal
Não é brincadeira. Ao aderir ao programa, Jamine assinou um termo em que se autodeclarou transexual e afins no ato da matrícula. Ela poderá ser enquadrada no artigo 299 do Código Penal, que trata da falsidade ideológica.
Educação
Está confirmado. Marilza Leite assumirá a Secretaria de Educação de Marabá. A medida agrada a muitos, que destacam a competência de Marilza. “Ela faz jogo duro, mas sabe dialogar”, ressaltou um servidor da Semed. Marilza Leite foi coordenadora do DRH da secretaria na gestão João Salame Neto, e receberá a Semed em melhores condições que Pedro Souza e Luciano Dias.
Qualidade

Infelizmente, até aqui, os números de Marabá no Ideb, índice que mede a qualidade do ensino, não remataram. Caberá à Marilza Leite, que antes ocupava a Diretoria de Logística (Dilog), a missão de substituir Luciano Dias.

Saúde

Depois de seguidos fracassos no sentido de conter os gastos e melhorar o atendimento, o prefeito Sebastião Miranda (PTB) escalou o atual secretário de Educação, Luciano Dias, para a Saúde com a responsabilidade de fazer o serviço que os últimos não fizeram. Luciano ocupava a Semed há dois anos, e logrou êxito na tarefa.

Brumadinho

Uma barragem da mineradora Vale se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O rompimento ocorreu na Mina Córrego do Feijão. Os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia, inclusive um refeitório, e parte da comunidade da Vila Ferteco. O rompimento da barragem liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A estimativa é a de que esse volume represente um quarto do que foi liberado no acidente com a barragem de Fundão, em Mariana, que pertencia à Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton.

Mariana

O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho acontece três anos após o desastre de Mariana, a maior tragédia ambiental do Brasil, que aconteceu em novembro de 2015. Na ocasião, a barragem de Fundão se rompeu, matando 19 pessoas. Até o fechamento da coluna, foi confirmado pela Defesa Civil de MG o número de 110 mortos e 238 desaparecidos. Desses, 71 foram identificados. Até agora, 394 pessoas foram localizadas. O número de desalojados é 108.
Identificada
Nascida em Marabá, a advogada Andrea Ferreira Lima, 40, é uma dos 71 identificados. Ela trabalhava para uma empresa terceirizada na parte administrativa da Vale, e estava prestando serviço à mineradora havia pouco mais de seis meses. Vivendo em Belo Horizonte há aproximadamente 12 anos, Andrea deixa dois filhos: Guilherme, de 24 anos, e Davi, de 6.
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a área atingida pelo rompimento. Após presenciar a catástrofe, retornou para o Aeroporto Internacional de Confins e embarcou de volta para Brasília, sem dar entrevistas. Entretanto, ele utilizou o Twitter para expressar o que viu em meio ao desastre. Bolsonaro disse estar emocionado e prometeu minorar os danos aos atingidos pelo desastre. O presidente afirmou que apurará os fatos para prevenir novas tragédias.
Presos
Cinco pessoas foram presas por ligação com a tragédia. Em São Paulo, a polícia deteve dois engenheiros da TÜV SÜD, empresa prestadora de serviço da Vale que atestou a segurança da barragem 1 da Mina do Feijão no fim do ano passado. Em Minas Gerais, a operação prendeu três funcionários da Vale responsáveis pela gestão da obra e pelo licenciamento ambiental. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e Minas.
Laudos
Os dois engenheiros presos em São Paulo são Makoto Namba e André Yum Yassuda. Eles assinaram laudos feitos pela TÜV-SÜD em junho e setembro de 2018 que garantiam que a barragem que rompeu estava em segurança. Em Minas Gerais, outra pessoa envolvida com esse laudo foi enclausurada: César Augusto Paulino Grandshamp.
Câmara
Sete nomes devem disputar a presidência da Câmara, mas esse número pode ser alterado até horas antes da eleição. O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é candidato à reeleição. Apontado como favorito nos bastidores, ele foi o candidato que conseguiu abarcar o apoio oficial do maior número de partidos: são 15 até o momento. No entanto, como a votação é secreta, não há a garantia de todos os deputados das bancadas seguirão a orientação do partido.
Avulsos
Atual primeiro-vice-presidente da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) disputará como candidato avulso, uma vez que não tem o apoio do seu próprio partido. O MDB resolveu ficar com Maia. Na mesma situação está o deputado Ricardo Barros (PP-PR), já que o PP declarou o voto em Maia.
Renovação
Candidato pelo Novo, Marcel Van Hattem (Novo-RS) espera conquistar o voto dos parlamentares de primeiro mandato com um discurso de renovação.
Senado
O líder interino do MDB, José Maranhão, informou que o partido decidiu indicar Renan Calheiros (MDB-AL) como candidato da legenda à presidência do Senado. A eleição que definirá o sucessor de Eunício Oliveira (MDB-CE) está prevista para logo mais.
Simone Tebet
De acordo com Simone Tebet (MDB-MS), que disputava a indicação do partido, dos 12 senadores que votaram, sete escolheram Renan e cinco votaram nela. Os senadores do MDB também definiram que Eduardo Braga (MDB-AM) será o novo líder do partido.
Jader é Renan
Cercado por jornalistas ao pisar no Senado, o senador Jader Barbalho saiu-se com uma resposta inusitada ao ser perguntado sobre o apoio dele ao colega emedebista Renan Calheiros, que aspira a presidir a Casa mais uma vez — perigo. Jader não vê problema algum em apoiar Renan Calheiros. “Essa história de renovação é conversa fiada, coisa de iniciado. E eu não sou um iniciado”. Ele disse mais: “novo ou velho [na política] é irrelevante”.
Madrugada
Durante a madrugada, Simone Tebet, Esperidião Amin, Major Olímpio, Alvaro Dias e Tasso Jereissati estiveram reunidos na casa da emedebista para, mais uma vez, discutirem a possibilidade de unificar candidaturas para enfrentar Renan Calheiros na eleição de mais tarde. Agora é torcer para dar certo.

Estudante e estagiário no Ministério Público do Estado do Pará (MPPA). E-mail: vinnicius@carajasnoticias.com.br.

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