Jair Bolsonaro: “De trapalhada em trapalhada”, governo despenca e perde popularidade entre apoiadores

editorial "Quebrando louças" publicado ontem (8) pelo jornal Estado de S. Paulo, coloca Jair Bolsonaro como um “ogro” e o pior governante do planeta ou o pior que já existiu em qualquer momento da história. As trapalhadas tiveram seu início antes mesmo do período de transição do governo, onde o clã Bolsonaro começou a mostrar sua verdadeira face. A sensação inicial é que o "barco navega sem timoneiro" e os filhos exercem um enorme poder sobre a autoridade do pai. Diante dos fatos, percebe-se que Bolsonaro e os filhos não precisam de oposição, eles mesmos estão destruindo o governo.
O jornal também condenou a fala em que ele afirmou que democracia e liberdade só existem quando os militares permitem. "Em Davos, precisou de seis minutos para mostrar sua incompetência administrativa. Com os fuzileiros navais, não precisou de mais de quatro minutos para revelar sua face autoritária e sua ignorância cívica", aponta o texto. A trapalhada que iniciou a derrocada dos bolsonaros, ocorreu com o COAF publicando movimentações suspeitas de mais de 7 milhões nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, até agora não explicadas. 
Não vai bem, um país cujo presidente claramente não entende qual é seu papel, especialmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente. Chega a ser comovente o esforço de comentaristas para encontrar nas destrambelhadas manifestações do presidente Jair Bolsonaro algum sentido estratégico, como se fizesse parte de um plano racional de comunicação. As explicações do presidente sobre a presença de um cheque de 24 mil reais, na conta de Michelle Bolsonaro, não convenceram nem mesmo o mais tolo dos apoiadores. 
Desde seu grotesco discurso de posse, atulhado de arroubos e bravatas ginasianas, já devia estar claro para todos que Bolsonaro nunca se viu na obrigação de medir suas palavras e gestos, adequando-os à sua condição de chefe de Estado. Ao contrário, a julgar pelo comportamento muitas vezes grosseiro e indecoroso de Bolsonaro, o presidente provavelmente se considera acima do cargo que ocupa, dispensado dos rituais e protocolos próprios de tão alta função. Até à disseminação de pornografia pelas redes sociais ele tem se dedicado, para estupefação nacional e internacional. 
Se existe estratégia, é a de deixar o País apreensivo a cada novo tuíte ou discurso presidencial, pois nunca se sabe o que virá. Bolsonaro parece imaginar que foi eleito para dizer o que lhe vem à cabeça, sem se importar com os estragos e seus assessores que se esforcem para tentar reduzir os prejuízos decorrentes de seus excessos. Ataques a mulheres, quebra de diálogo com o MST, Carlos Bolsonaro derrubando o ex-ministro Gustavo Bebianno, ataques à Lei Rouanert, demarcação de terras indígenas, extinção do Ministério do Trabalho e reforma da Previdência estão minando a confiabilidade de Jair Bolsonaro.
Mas há casos em que nem mesmo o mais habilidoso ministro é capaz de remendar. Como explicar, por exemplo, o discurso do presidente, durante cerimônia no Corpo de Fuzileiros Navais do Rio, quando ele disse, com todas as letras, que "democracia e liberdade só existem quando as Forças Armadas assim o querem"? Será necessário um grande malabarismo retórico para não considerar esse discurso como explícita manifestação de um pensamento irremediavelmente autoritário, de quem acredita que a democracia é apenas um favor dos militares aos civis. Pegou mal. 
Para o presidente da República, é o que se conclui, a democracia e a liberdade seriam meramente circunstanciais, pois dependeriam não da força e da solidez das instituições democráticas e da honestidade de convicção dos homens que ele próprio chefia, mas sim dos humores dos quartéis. A cada fala, uma nova trapalhada. No Dia Internacional da Mulher, o presidente Jair Bolsonaro fez uma piada e disse que “pela primeira vez o número de ministros e ministras está equilibrado num governo”. Em sua gestão, há apenas duas mulheres no comando de um total de 22 pastas. Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura).
Vai mal um país cujo presidente claramente não entende qual é seu papel, especialmente quando não consegue dominar os pensamentos que, talvez, lhe venham à mente. Como chefe de Estado, Bolsonaro tem a obrigação de saber que todas e cada uma de suas palavras nortearão o debate político nacional, seja no Congresso, seja nas ruas, e terão consequências também no delicado campo da economia. O Palácio do Planalto ver com preocupação a diminuição do apoio ao presidente nas redes sociais. Bolsonaro está caindo no descrédito dos próprios apoiadores. 
O presidente deve ter consciência de que não é mais candidato, condição que lhe permitia incorporar o personagem histriônico e falastrão que seus fanáticos seguidores apelidaram de "mito". Deve entender que sua retórica truculenta e polarizadora pode ter sido muito útil para viabilizar sua candidatura presidencial, mas é péssima para agregar apoio político para um governo que começa sem base visível no Congresso Nacional. Ao contrário, para quem foi eleito com um discurso de combate à corrupção, o caso “Laranjal do PSL”, partido do presidente, retira qualquer resquício de confiabilidade por parte do eleitor. Militantes antigos do PSL afirmam que Bolsonaro comprou o partido de Luciano Bivar e que essa bomba ainda vai estourar.
Espezinhar foliões do carnaval nas redes sociais, como fez Bolsonaro de forma imprópria e estouvada, divulgando um vídeo pornográfico a título de "expor a verdade", provavelmente não agregará um único voto dos tantos necessários para aprovar no Congresso os projetos de real interesse do país. Nem mesmo alguns de seus mais sinceros apoiadores aprovaram a grosseria, razão pela qual os assessores presidenciais se viram na contingência de soltar uma nota oficial para tentar explicar o inexplicável, obviamente sem sucesso.
O bom senso sugere que não se deve esperar que Bolsonaro de repente compreenda seu papel e se transforme num estadista, capaz de, em poucas palavras, guiar as expectativas do País. Diante disso, a ala adulta do governo parece ter decidido trabalhar por conta própria, tentando reparar os danos da comunicação caótica e imprudente de Bolsonaro, desde os prejuízos econômicos causados pelo despropositado antagonismo público do presidente em relação à China e aos países árabes, até a dificuldade de arregimentar apoio a uma reforma da Previdência na qual Bolsonaro parece não acreditar. Aliás, a reforma previdenciária de Jair Bolsonaro atinge apenas os pobres, mulheres e idosos. Ela está passando a centenas de quilômetro das grandes fortunas.
Até aqui, todo o esforço que alguns de seus auxiliares estão fazendo para que o presidente desastrado não quebre toda a louça será inútil. Bolsonaro está ficando cada vez mais rápido e certeiro. Em Davos, precisou de seis minutos para mostrar sua incompetência administrativa. Com os fuzileiros navais, não precisou de mais de quatro minutos para revelar sua face autoritária e sua ignorância cívica. Em relação aos árabes, antigos parceiros comerciais do Brasil, a simples tentativa de  deslocamento da embaixada brasileira de Tela Aviv para Jerusalém, rendeu enormes prejuízos aos produtores brasileiros. Ao meu ver, dinheiro não possui sexo, religião ou ideologia.
Para o jornal Estadão, Bolsonaro é indecoroso, grosseiro, incompetente, autoritário e ignorante. No meu entender, deixar de vender soja, carne bovina, frango, suíno e aço porque o país importador possui um “viés ideológico”, é a pior trapalhada de todas. Prejudica o carro-chefe entre os apoiadores de Bolsonaro, o agronegócio. Com apenas 60 dias de governo, ser atacado durante o carnaval, em todo o Brasil, através do bordão “Ei! Bolsonaro, vai tomar no c*, mostra que o governo está indo de mal a pior. O projeto Escola Sem Partido, filmagem de professores em sala de aula,  e os ataques à comunidade LGBTI, mesmo Carlos Bolsonaro sendo suspeito de ser gay e casado com um primo, estão "contribuindo" para a derrocada do claudicante governo.
O andar da carruagem indica que o conservadorismo voltou ao poder no Brasil pelas mãos do cara errado. Sérgio Moro, juiz baluarte da Operação Lava Jato, passou a ser visto como um “farsante arrependido” e “bundão”, ao se calar diante do flagrante envolvimento do clã Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro e a imersão de 1/3 do primeiro escalão do governo no "mar de lama" da corrupção, a começar pelos dois superministros Onyx Lorenzoni e Paulo Guedes. Sérgio Moro parece não ter o mesmo arroubo de combate a corrupção de antes, retirando até o famigerado Caixa 2 da lista dos crimes de corrupção. Parece que perdeu a inteligência ou a visão. Para o bem da nação brasileira, Jair Bolsonaro precisa deixar de ser candidato, iniciar o governo, podar a interferência dos filhos no governo e ter mais cuidado ao usar as redes sociais.


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