Militares da Venezuela desertam para Brasil e Colômbia
Pelo
menos 174 militares venezuelanos abandonaram seus cargos e fugiram para o Brasil e Para a Colômbia desde sábado (23), quando agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) fizeram cordões de isolamento na fronteira da Venezuela com os dois países, impedindo a entrada de ajuda humanitária, e reprimiram, em alguns casos com violência, manifestações de apoio ao líder opositor Juan Guaidó, que se declarou presidente interino do país de janeiro.
Destes
casos, 167 foram registrados nas passagens que ligam regiões venezuelanas
aos Estados colombianos de Norte Santander e Arauca, que receberam 157 e
10 desertores, respectivamente. Em Pacaraima, no Brasil, buscaram proteção sete sargentos das Forças Armadas do país vizinho.
"Vamos a Boa Vista e queremos o apoio do
presidente interino Juan Guaidó para chegar a Cúcuta e nos reunir com os
companheiros que desertaram (na Colômbia)", disse o sargento José
Alexander Sanguino Escalante. "Queremos
nos oferecer para lutar pela liberdade do povo." Questionado se estaria
disposto a agir militarmente contra o regime de Nicolás Maduro, o desertor
respondeu que sim.
Com
isso, chega a seis o número de desertores na fronteira brasileira desde que a oposição tentou entrar
com ajuda humanitária na Venezuela, todos com a patente de
sargento. No domingo, três membros da GNB também entraram
no país depois de deixarem seus cargos descontentes
com a gestão da crise por Caracas e com a situação geral do país. "Nos
quartéis militares, não há comida. Não tem colchões. Nós, sargentos da Guarda
Nacional (Bolivariana, GNB), estamos dormindo no chão", contou o sargento
Carlos Eduardo Zapata, um dos três primeiros a chegar ao Brasil.
Ao Estado,
a deputada opositora Yuretzi Idrogo disse que a decisão de ir a Cúcuta é uma
vontade pessoal dos desertores e não partiu da oposição. Apesar disso, ela
reconhece que está em contato com soldados do outro lado da fronteira que
querem desertar e que pretende ajudá-los a chegar até a cidade colombiana.
No fim de
semana, a divisa entre os países, tradicionalmente tranquila, viveu horas
estressantes depois de manifestantes venezuelanos tanto em território
brasileiro quanto colombiano jogarem pedras e coquetéis molotov contra
integrantes da GNB.
O
presidente Jair
Bolsonaro se reuniu pela manhã em Brasília com seu ministro da
Defesa, Fernando Azevedo, e membros do alto-comando militar. Essa reunião
acontece paralelamente ao Grupo Lima em Bogotá, do qual participam
os Estados Unidos e o líder da oposição Juan Guaidó, para definir os passos a
serem seguidos na crise venezuelana.
Segundo
fontes do Exército, 25 turistas brasileiros que faziam turismo no Monte Roraima
e não conseguiam passagem pela fronteira desde que ela foi fechada no dia 21
retornaram ao território brasileiro nesta segunda.
Eles
passaram pela aduana com os veículos que faziam o trajeto vindo do monte e
agora estão a caminho da capital de Roraima, Boa Vista. Ainda de acordo, com
essas fontes, a tendência é de menos tensão na fronteira, com pelo menos a
passagem de estrangeiros sendo liberada. Um
cidadão uruguaio com problemas de saúde também teve a passagem autorizada pelas
autoridades venezuelanas.
Texto:
Estadão
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