As riquezas da língua e a difícil pronúncia da palavra “cadastro”

Aquela manhã ensolarada de quinta-feira trazia ares de mais um final de semana. No trajeto para o trabalho, o rádio tocava uma música sertaneja de raiz, aquela da época de meus pais. De repente, o locutor coloca um áudio, vindo de um aplicativo de celular, com uma voz irradiando felicidade:
         _ Meu rei, toca uma música de Amado Batista e me “cadrasta” nesse sorteio.
         Confesso que aquela antecipação do “r” me deixou um pouco sorridente. Em seguida, outro áudio, com uma voz querendo transmitir conhecimento, pediu uma música de Zezé de Camargo e Luciano.
         _ Meu “brodi”, me “cradasta” aí, vou ganhar esse Carajás da Sorte. Quem sabe, Deus me ajuda e faturo esse “carrão”, mano.
Longe de sua sílaba de origem, o coitado do “r” trouxe um ar mais engraçado ainda para a palavra, mas o nosso “velho português” vai sobrevivendo com seus significados e significâncias.
         _ Bom dia, faça meu “cadastro” nessa promoção, pois eu quero ganhar esse veículo.
         O uso dessa variante padrão da língua trouxe um ar de formalidade. Até que enfim, alguém havia pronunciado a palavra “cadastro” conforme rege a gramática do português elitizado. No entanto, as pronúncias “cadrasto”, “cradasto” e “cadastro” conduziram os ouvintes para o mesmo significado: “colocar o nome da pessoa na lista para sorteio”.

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