Extermínio assombra juventude no Brasil
A difícil
realidade da juventude no Brasil pode ser traduzida em números: 63.880 mortes
intencionais, 82.684 desaparecimentos e
119.484 armas de
fogo apreendidas. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, de 2017, e contextualizaram a palestra promovida pelo Tribunal de
Justiça do Pará (TJPA) sobre “Os desafios do enfrentamento ao extermínio da
juventude brasileira”, na última sexta-feira, 5, no Fórum Cível de Belém. O
objetivo do evento foi discutir a temática e fortalecer a rede de proteção de
crianças e adolescentes.
A
palestra foi ministrada pelo professor doutor Jean François Deluchey, do Centro
de Estudos sobre Instituições e Dispositivos Punitivos da Universidade Federal
do Pará (UFPA). “Para dar um exemplo, nós temos mais de 60 mil homicídios no
Brasil e na França, que possui uma população três vezes menor apenas que o
Brasil, este número cai para 825 mortos. É um abismo. Trata-se de um extermínio
sistemático. Não há realmente proteção a essas pessoas que estão morrendo
cotidianamente no Brasil”, ressaltou.
Jean
François acredita que existe um certo abandono por parte do Poder Público em
relação aos cidadãos das periferias. “Eles são completamente entregues a modos
alternativos de viver. Muitas vezes são obrigados, para se sustentar, a entrar
em redes criminosas. Ou mesmo a se submeter a redes criminosas e a ordens
alternativas instituídas na periferia. É preciso que haja um interesse por
parte do Poder Público para trazer esses cidadãos de volta, para contribuir à
sociedade de outra forma”, alertou.
A
palestra foi realizada por iniciativa da 3ª Vara da Infância e Juventude de
Belém, que tem à frente o juiz Vanderley de Oliveira Silva, em parceria com a
Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude (Ceij), do TJPA. “Nós
fizemos uma provocação para que a Ceij pudesse trazer o debate desse assunto,
que é um elemento cancerígeno da sociedade. Essa realidade está muito presente,
principalmente na Região Metropolitana de Belém. É papel do Tribunal aliar-se
ao combate a isso, de forma cooperativa, trabalhando através da sincronia de
dados com o Ministério Público, a Polícia e a Secretaria de Segurança Pública.
A partir disso aí, com esses dados catalogados e crivados do ponto de vista da
ciência, eles podem passar a servir como elementos balizadores das políticas
públicas de combate a esse tipo de chaga social”, explicou o magistrado.
A
vice-coordenadora da Ceij, juíza Danielle de Cássia Silveira, ressaltou que a
coordenadoria tem a incumbência de desenvolver atividades de prevenção
relacionadas às Varas da Infância e Juventude. "Quando houve essa
proposta, nós acatamos na hora. É preciso que tomemos conhecimento dessa
situação Com os dados técnicos da pesquisa do professor Jean, nós pudemos abrir
os olhos para essa realidade”, destacou. O desembargador José Maria Teixeira do
Rosário está à frente da Ceij.
Texto:
TJ/PA
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