Nova geração deve se aposentar a partir de 64 e 67 anos de idade
Jovens que estão entrando no mercado de trabalho devem se deparar com
idades mínimas de aposentadoria de pelo menos 64 anos, para mulher, e 67 anos, se homem,
caso a reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro seja aprovada,
apontam projeções do governo. A proposta que tramita no Congresso prevê um
gatilho que corrige as idades mínimas definidas no texto, de 62 anos (mulher) e
65 anos (homem), com base no aumento da expectativa de sobrevida da população.
Pelo cálculo da equipe
econômica, que leva em conta estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2060, as idades mínimas devem estar dois anos e um mês
mais altas.
Na prática
Um jovem que entrar no
mercado de trabalho em 2020 aos 25 anos, por exemplo, não poderá acessar nenhuma
regra de transição proposta pelo governo e terá de cumprir as exigências de
idade mínima e tempo de contribuição. Em 2060, ele terá exatos 65 anos. Porém,
como a idade mínima estará em 67 anos e um mês, ele precisará trabalhar mais
dois anos e um mês para se aposentar, na comparação com a idade proposta
inicialmente pelo governo.
A reforma estabelece que,
a cada quatro anos, a idade mínima de aposentadoria seja elevada em 75% sobre o
aumento apurado na expectativa de sobrevida do brasileiro aos 65 anos. Ou seja,
para cada quatro meses de aumento na expectativa, três meses serão adicionados
à idade mínima.
O dispositivo gerou
polêmica durante audiência pública na Câmara com a presença do ministro da
Economia, Paulo Guedes, nesta semana. Além de reclamações sobre falta de
transparência na apresentação das estimativas, ele ouviu críticas pelo fato de
a proposta não prever queda da idade mínima em caso de diminuição do tempo de
sobrevida do brasileiro. A regra só permite aumento na idade exigida.
Avaliação
Em outra reunião na
Comissão e Constituição e Justiça (CCJ), no dia seguinte à ida de Guedes, o
advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto,
criticou a proposta e afirmou que o gatilho é uma forma de retirar poder do Congresso.
“[A idade mínima] será estabelecida não mais por lei, mas por um órgão de
estatística. Quando o órgão de estatística modificar a idade, poderá haver
revisão da aposentadoria, e não mais por meio de debates no Parlamento. Olhem
como isso gera uma inconstitucionalidade”, disse.
O economista Paulo
Tafner, membro do conselho consultivo que ajudou na elaboração da reforma,
defende a implementação do gatilho. Ele explica que a lógica de elevar a idade
em 75% do aumento da expectativa de sobrevida é uma forma de dar um bônus para
a pessoa, que viverá mais, ao mesmo tempo em que colabora com toda a sociedade.
Para o economista, a pessoa “deve” à sociedade, que proporcionou um
aumento na expectativa de vida com avanços na medicina. Ao mesmo tempo, o bônus
de 25% que ela terá direito será uma espécie de prêmio por vaiáveis pessoais,
como redução do tabagismo e melhoria da alimentação.
Em relação à
aposentadoria dos jovens que entrarem no mercado de trabalho, o secretário
adjunto de Previdência do ministério da Economia, Bruno Bianco, explicou que as
regras de transição valem para quem já está no mercado. Ainda assim, mesmo para
essas pessoas, é necessário avaliar os casos. “Se a pessoa for muito jovem,
talvez a regra transitória não lhe seja muito boa, mas pode ser usada. Se for
pior, obviamente se pode fazer opção pela regra permanente”.
Forma de cálculo
Pelas projeções feitas
pelo governo, as idades mínimas de aposentadoria vão alcançar 63 anos e 1 mês
(mulher) e 66 anos e 1 mês (homem) em 2040, subindo para 64 anos e 1 mês
(mulher) e 67 anos e 1 mês (homem) em 2060. Os cálculos apontam ainda
que o trabalhador brasileiro só poderá se aposentar aos 67 anos (mulher) e 70
anos (homem) em 2100.
Texto: Folhapress
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